Não é gênero textual. Na verdade, a descrição é recurso utilizado nas outras modalidades: dissertação, narração, crônica, carta, texto publicitário...

Paixão Marciana

Em pleno Dia dos Namorados, nos Estados Unidos, a Nasa, agência espacial americana, divulgou a foto deste platô em Marte. A forma lembra muito a de um coração em carta de amor. Acredita-se que a imagem ajudará a entender as erosões do solo marciano. O platô tem 250 metros de altura.

(Superinteressante, março, 2000)

Temos o relato da descoberta de uma forma que lembra um coração. A parte descritiva é a que está grifada. Em raros casos teremos uma descrição pura.

Neste tipo de texto se conta um fato.

Vamos ler:

D. Alzira bateu palmas.
- Venham comer ligeiro, senão a bóia esfria!
Sentaram-se todos em torno na mesa. No centro dela fumegava a travessa de arroz com guisado de charque.
Começaram a comer em silêncio. Quem falou primeiro foi Ernesto:
- No colégio hoje deram uma vaia no Eugênio porque ele estava de calça furada atrás.
Encolheu-se todo, reprimindo o riso, e seus olhinhos brilharam de malícia. Eugênio ficou com o rosto em fogo.
D. Alzira sacudiu a cabeça, vagarosamente, e olhou para o filho mais velho.
- Eu não te disse que não botasse aquela calça de riscado? Por que não botou a preta?
Eugênio baixou os olhos para o prato e ficou calado.
Ângelo serviu-se de mais arroz e disse com ar reflexivo:
- Parece mentira... Filho de alfaiate e com as calças rasgadas.
Quando o silêncio se fez de novo, eles ouviram o minuano uivando lá fora.

(Érico Veríssimo)

Note que a narração contém:

a) Espaço: A cozinha.
b) Tempo: É o passado: bateu, sacudiu, baixou.
c) Personagens: D. Alzira, Eugênio, Ângelo.
d) Enredo: É o momento em que a família se reúne para o almoço.
e) Discurso: Toda vez que as personagens ganham voz.

A narração deve ter por trás de si um objetivo. Narrar puramente, sem que haja uma reflexão, um argumento cercando sua construção, não é um bom negócio.

1. Através de resumo:

“O relacionamento familiar tem suas particularidades, mas a maioria dos pais revelam que, além das preocupações já mencionadas, sentem-se sufocados com as exigências materiais dos jovens, que comprometem o orçamento doméstico de tal forma, que eles não têm outra alternativa, a não ser adiar seus próprios sonhos.”

(Nilce Rezende Fernandes. Estado de Minas)

O produtor retoma, resumidamente, aquilo que explorou durante o texto.


2. Através de uma proposta:

“Vamos começar uma vida nova, de início virando esses nossos mapas para cima, para o Cruzeiro do Sul. Vamos criar nossos referenciais, nossos pontos de apoio, nossas formas de ver o mundo. Essa é a única forma de criar uma nação. Vamos finalmente descobrir o Brasil, mas desta vez com nossos próprios olhos.”

(Stephen Kanitz - Veja)

O autor faz uma (ou várias ) sugestões daquilo que deve ser feito para transformar a realidade apontada durante o restante do texto.
O verbo “vamos” apareceu três vezes. Recurso argumentativo e não como mera repetição.


3. Através de um questionamento:

“Quem é que vai pôr freios nessa gente, gentinha, gentalha? Quem sabe uma mudança na legislação que retire deles a proteção da idade, transformando-os em responsáveis por seus atos e, portanto, passíveis de cadeia, fizesse algum bem. Se os pais não cuidam deles, chamem a polícia...”

(Cézar Giobbi)

O autor parte de um questionamento para encerrar seu raciocínio.


4. Através de uma constatação que ainda não apareceu no restante do texto:

“De todas as grandes regiões do mundo, a África abaixo do Sahara é a que determina o século nas mais dolorosas condições, a não ser nos filmes de leões para o circo da televisão, onde o negro só aparece para segurar a câmara do branco, como antes segurava os rifles no safári.”

(David Lerer)

 

 

6. Desenvolvimento por contra-argumentação:

“Na medida em que a caça é proibida no Brasil, não se pode admitir a existência de uma Associação Brasileira de Caça nem de lojas de caça e pesca. Um novo capítulo da Constituição brasileira proíbe essas atividades. Caça não é esporte, porque esporte pressupõe igualdade de condições entre os contendores, um conhecimento prévio, de ambas as partes, das regras do jogo, e a existência de um juiz que faça cumprir essas regras.”

(Cacilda Lanuza)

O autor parte de um outro texto e passa a refutá-lo.

7. Desenvolvimento por Dados históricos:

“Em 16 de Abril de 1945, 2 milhões e meio de soldados soviéticos, apoiados por 42.000 canhões, 6.250 carros de assalto e 7.500 aviões, iniciaram o ataque à cidade, dominada por nazistas. No dia 30, a bandeira vermelha da vitória, com a foice e o martelo, ondulou sobre o Reichstag. Metade dos edifícios estava destruída. Dos 4,3 milhões de habitantes, restavam 2,5 milhões, famintos e ameaçados por epidemias.”

(Caros Amigos, Outubro de 1999, pg. 26)

Com o intuito de convencer, o autor busca dados históricos que sustentem seu ponto de vista.

8. Desenvolvimento por definição:

“O humor, numa concepção mais exigente, não é apenas a arte de fazer rir. Isso é comicidade, ou qualquer outro nome que se escolha. Na verdade, humor é uma análise crítica do homem e da vida. Uma análise não obrigatoriamente comprometida com o riso, uma análise desmistificada, reveladora, cáustica. Humor é uma forma de tirar a roupa da mentira, e o seu êxito está na alegria que ele provoca pela descoberta inesperada da verdade.”

(Ziraldo)

O produtor do texto define o tema abordado com o intuito de buscar a adesão de leu leitor.

9. Desenvolvimento através de questionamentos:

“Será muito pedir justiça? Será muito ansiar pelo fim da impunidade? Será muito almejar a intimidação das bestas abancadas no poder e das que articulam se abancar para encher de horror a humanidade?”

(Ricardo Brisolla Balestreri)

O desenvolvimento lógico surge através de uma seqüência de questionamentos.

10. Desenvolvimento por Dados estatísticos:

“No período entre 1920 e 1972, a United States Steel, sob o nome de Companhia Meridional de Mineração, exauriu o minério de bom teor de manganês do morro da mina, em Conselheiro Lafaiete, MG. Extraiu 14 milhões de toneladas de minério bruto, dos quais 13 milhões foram transmigrados para o país sede da empresa, ficando no Brasil o buraco.”

(J.W. Bautista Vidal)

O dado estatístico serve para ilustrar o que foi falado anteriormente pelo produtor do texto.

1. Desenvolvimento enumerativo:

“Há três métodos pelos quais pode um homem chegar a ser primeiro-ministro. O primeiro é saber, com prudência, como servir-se de uma pessoa, de uma filha ou de uma irmã; o segundo, como trair ou solapar os predecessores; e o terceiro, como clamar, com zelo furioso, contra a corrupção na corte. Mas um príncipe discreto prefere nomear os que se valem do último desses métodos, pois os tais fanáticos sempre se revelam os mais obsequiosos e subservientes à vontade e às paixões do amo.”

(Jonathan Swith. Viagens de Gulliver)

2. Desenvolvimento por exemplificação:

“Em certas sociedades, o sistema de alianças, que fundamenta as relações de parentesco sobre as quais a comunidade está organizada, exige que a criança seja levada, ao nascer, à irmã do pai, que deverá responsabilizar-se pela vida e educação da criança. Em outras, o sistema de parentesco exige que a criança seja entregue à irmã da mãe. Nos dois casos, a relação da criança é estabelecida com a tia por aliança e não com a mãe biológica. Se assim é, como fica a afirmação de que as mulheres amam naturalmente os seus filhos e que é desnaturada a mulher que não demonstrar esse amor?”

(Marilena Chauí)

3. Desenvolvimento por causa e conseqüência:

“Os historiadores brasileiros mostram que, por razões econômicas, a elite dominante do século XIX considerou mais lucrativo realizar a abolição da escravatura e substituir os escravos africanos pelos imigrantes europeus. Essa decisão fez com que o mercado de trabalho fosse ocupado pelos trabalhadores brancos imigrantes e que a maioria dos escravos libertados ficasse no desemprego, sem habitação, sem alimentação e sem qualquer direito social, econômico e político.”

(Marilena Chauí)

4. Desenvolvimento por citação:

“Escrevendo sobre a teoria da linguagem, o lingüista Hjelmslev afirma que “a linguagem é inseparável do homem, segue-o em todos os seus atos”, sendo o instrumento graças ao qual o homem modela seu pensamento, seus sentimentos, suas emoções, seus esforços, sua vontade e seus atos...”

(Marilena Chauí)

5. Desenvolvimento por comparação:

“Existem várias diferenças culturais entre os Estados Unidos e o Brasil: nas relações entre os governantes e a nação, no Brasil, por exemplo, predomina a idéia de que aqueles seriam os “donos” do país, podendo fazer o que quiserem (como criar novos impostos todos os anos, trocar de moeda, etc.), enquanto nos Estados Unidos - e mais recentemente no Japão, após a derrota na Segunda Guerra e a adoção de novos valores - predomina a visão de que os governantes são apenas funcionários públicos, mesmo que importantes, que somente existem para servir aos cidadãos.”

(J. Willian Vessentini)

6. Uma Citação que será ratificada ou negada:

“ ‘Navegar é preciso, viver não é preciso‘. Com leve estremecimento de susto aplica-se o antigo verso do poeta Fernando Pessoa ao sistema de informação, pesquisa e correspondência por computador, a comunicação on line, a Internet.”

(Marilene Felinto)

7. Expondo o ponto de vista oposto com o fim de combatê-lo durante o desenvolvimento:

“Na medida em que a caça é proibida no Brasil, não se pode admitir a existência de uma Associação Brasileira de Caça nem de lojas de caça e pesca. Um novo capítulo da Constituição brasileira proíbe essas atividades.
Caça não é esporte, porque esporte pressupõe igualdade de condições entre os contendores, um conhecimento prévio, de ambas as partes, das regras do jogo, e a existência de um juiz que faça cumprir essas regras.”

(Cacilda Lanuza)

8. Com dados estatísticos:

“A cada ano que passa, mil crianças morrem por dia debaixo do céu brasileiro. Morrem de doenças para as quais a medicina criou uma infinidade de nomes, todos sinônimos de um só mal: fome, subnutrição.”

(Eric Nepomuceno)

9. Alguns fatos representativos:

“Que países em guerra, ou vítimas de catástrofes, tenham conhecido e ainda conheçam a fome, é compreensível, ainda que não se explique. Que países vítimas de clima ingrato e solo ainda mais ingrato tenham que dosar a ração alimentar, entende-se.”

(Marilda Prates)

10. Uma pequena narrativa:

“Dentro de uma ambulância, um paciente está em estado grave. Perto dele, um médico jovem, com pouca experiência nesse tipo de atendimento, tenta dar os primeiros socorros. Mas a situação se complica. Neste momento, muito longe daquele local, entra na operação de socorro um outro médico, profissional bem mais experiente, capaz de comandar com tranqüilidade uma situação como essa. Ele está no hospital para onde o paciente está sendo levado. Esse médico também vê, por uma tela de televisão, o próprio paciente. É como se ele estivesse lá. Situações como essa, que a princípio parecem ser privilégio do futuro, poderão ocorrer mais breve do que se imagina.”

(Cilene Pereira, IstoÉ)

1. A apresentação direta de seu ponto-de-vista ou argumento básico:

“A convivência com um dependente de álcool ou drogas, além de todos os seus reveses, também pode se tornar um vício poderoso, uma doença. Mães, mulheres e irmãos de dependentes costumam assumir para si a tarefa de consertar a ovelha negra da família. Quando dão por si, passaram a viver em função do problema alheio. Ora se comportam como salvadores, ora assumem o papel de vítima, ora cooperam e alimentam ainda mais o vício.”

2. A própria indagação do tema, transformando-o em interrogação e/ou fazendo perguntas sobre ele:

“Será que existem fatos ( não preconceitos ) a confirmarem a inépcia ou mesmo a inferioridade de certas raças, estacionadas durante o processo evolutivo, a meio caminho entre o animal e o homem? São perguntas, não afirmações. Mas, por que admitiríamos, no plano individual, a existência de gênios e retardados e tememos fazê-lo no plano racial?”

(Emir Calluf, Gazeta do Povo)

3. Uma definição do tema a ser questionado:

“A gíria é um patrimônio comum, é um instrumento de comunicação que parece imprescindível, sobretudo, para a juventude. Até mesmo as gerações que a condenavam acabaram por assimilar algumas expressões de maior ocorrência.”

(Thaís Montenegro Chinellato)

4. Uma análise do tema, um esquema de suas partes ( que, geralmente, serão questionadas uma a uma no desenvolvimento da redação):

“O espírito humano é por natureza curioso, reflexivo. O mundo que o instiga a pensar deve também instigá-lo a desafiar, criticar e questionar as idéias que a coletividade e a sua cultura oferecem. Trabalhamos idéias quando escrevemos.”

(Wendel Johnson)

5. Usando dados da História:

Desde que aprendeu a manejar o fogo e a roda, o homem passou a gerar uma força produtiva, a qual desencadeou as invenções, as conquistas e o progresso. Mas essa produtividade prejudicou o relacionamento entre os povos, assim como entre patrão e empregado, no domínio pela tecnologia e na exploração da mão-de-obra.

Você já ouviu falar e, muitas vezes já escreveu uma Introdução, um Desenvolvimento e uma Conclusão de uma dissertação.

Vamos ler um texto que foi publicado como um dos melhores da UFMT - 97

“No Brasil, criar paixões nacionais tornou-se o viver e o vegetar de grupos de comunicação.
Tomaremos por exemplo o caso das redes de televisão. As maiores se degladiam em busca de lançamentos, na maioria musicais, que não precisam ser duradouros, nem necessitam ser compromissadas com a cultura e com a instrução de um povo todo.
Vemos a maior das redes de televisão do país como uma verdadeira fábrica de paixões. Não pesa que os protagonistas venham de onde vierem, sejam explosivos. Seu clássico jornalístico-cultural-domingueiro está para o brasileiro desejoso de mudanças como o tempo para o carro velho.
Vai-se somando um defeito e lá vem eles com uma nova doença.
Novidades que são lançadas até dentro de nossa sala, com rótulo de culturais, são na realidade, nova injeção de capital nos cofres dos grandes grupos. Ótimo se não saísse do esvaziado, vilipendiado bolso popular.
São febres. Casos como a lambada, a explosão baiana de Daniela Mércuri, a eleição manipulada do letrado mocinho e seu posterior afastamento atribuindo à pressão dos caras-pintadas (só se for de palhaços crédulos e usados), a morte da atriz, transformando na Sexta novela diária, incluso no telejornal do horário nobre global, o ouro olímpico dos meninos-do-Brasil, e, finalmente da música sertaneja, que na nossa modesta opinião B e não imploramos adeptos- é sumariamente a valorização da estética do feio.
Pegaram a meada inteira da enrolação e da alienação de um povo.
Dizem que o brasileiro é apaixonado pelo futebol. Discordo. O povo brasileiro ama o futebol. Nenhuma paixão atravessaria tantas dezenas de anos de alegrias e tristezas.”

Na Introdução o vestibulando já expôs, diretamente, sua opinião sobre o tema: a criação de paixões nacionais.

No Desenvolvimento:

  • Afunila a abordagem do tema, ou seja, parte dos grupos de comunicação e chega até a TV. No outro parágrafo restringe ainda mais, tocando na maior das redes.
  • Tece considerações sobre como a mídia influencia na cultura do brasileiro.

Na Conclusão exalta o futebol como sendo um grande amor e não uma paixão! Mereceu ter uma boa colocação!

A argumentação é um recurso que tem como propósito convencer alguém, para que esse tenha a opinião ou o comportamento alterado.
Sempre que argumentamos, temos o intuito de convencer alguém a pensar como nós.
No momento da construção textual, os argumentos são essenciais, esses serão as provas que apresentaremos, com o propósito de defender nossa ideia e convencer o leitor de que essa é a correta.

Há diferentes tipos de argumentos e a escolha certa consolida o texto.

Argumentação por citação

Sempre que queremos defender uma ideia, procuramos pessoas ‘consagradas’, que pensam como nós acerca do tema em evidência.
Apresentamos no corpo de nosso texto a menção de uma informação extraída de outra fonte.

A citação pode ser apresentada assim:

Assim parece ser porque, para Piaget, “toda moral consiste num sistema de regras e a essência de toda moralidade deve ser procurada no respeito que o indivíduo adquire por essas regras” (Piaget, 1994, p.11). A essência da moral é o respeito às regras. A capacidade intelectual de compreender que a regra expressa uma racionalidade em si mesma equilibrada.

O trecho citado deve estar de acordo com as ideias do texto, assim, tal estratégia poderá funcionar bem.

Argumentação por comprovação

A sustentação da argumentação se dará a partir das informações apresentadas (dados, estatísticas, percentuais) que a acompanham.
Esse recurso é explorado quando o objetivo é contestar um ponto de vista equivocado.

Veja:

O ministro da Educação, Cristovam Buarque, lança hoje o Mapa da Exclusão Educacional. O estudo do Inep, feito a partir de dados do IBGE e do Censo Educacional do Ministério da Educação, mostra o número de crianças de sete a catorze anos que estão fora das escolas em cada estado.
Segundo o mapa, no Brasil, 1,4 milhão de crianças, ou 5,5 % da população nessa faixa etária (sete a catorze anos), para a qual o ensino é obrigatório, não frequentam as salas de aula.
O pior índice é do Amazonas: 16,8% das crianças do estado, ou 92,8 mil, estão fora da escola. O melhor, o Distrito Federal, com apenas 2,3% (7 200) de crianças excluídas, seguido por Rio Grande do Sul, com 2,7% (39 mil) e São Paulo, com 3,2% (168,7 mil).

(Mônica Bergamo. Folha de S. Paulo, 3.12.2003)

Nesse tipo de citação o autor precisa de dados que demonstrem sua tese.

Argumentação por raciocínio lógico

A criação de relações de causa e efeito é um recurso utilizado para demonstrar que uma conclusão (afirmada no texto) é necessária, e não fruto de uma interpretação pessoal que pode ser contestada.
Veja:

“O fumo é o mais grave problema de saúde pública no Brasil. Assim como não admitimos que os comerciantes de maconha, crack ou heroína façam propaganda para os nossos filhos na TV, todas as formas de publicidade do cigarro deveriam ser proibidas terminantemente. Para os desobedientes, cadeia.”

VARELLA, Drauzio. In: Folha de S. Paulo, 20 de maio de 2000.


Para a construção de um bom texto argumentativo faz-se necessário o conhecimento sobre a questão proposta, fundamentação para que seja realizado com sucesso.


Por Marina Cabral
Especialista em Língua Portuguesa e Literatura

 

               Dissertação é o tipo de texto que analisa e interpreta dados da realidade por meio de conceitos abstratos que serão concretizados nos RECURSOS ARGUMENTATIVOS.

               Ainda que na dissertação não exista, em princípio, progressão temporal entre os enunciados, eles mantêm relações lógicas entre si, o que impede de se alterar à vontade sua sequência. Assim, pode-se falar de transformações de estado, mas de um modo diferente da narração. Enquanto esta é um texto figurativo, aquela é um texto temático. Por isso, enquanto a finalidade principal da narração é o relato das transformações, o objetivo primeiro da dissertação é a análise e a interpretação das transformações relatadas.  Acrescente-se que a dissertação pode ser:

 

OBJETIVA – Conta com a apresentação do assunto de maneira impessoal, caracterizada pela linguagem denotativa. Foi este tipo o adotado pelo aluno Leonardo de Souza Fernandes, no Curso de Redação. O tema do texto abaixo gira em torno do AVANÇO DA TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO E O RESPEITO À PRIVACIDADE.

               Seria ideal se os avanços tecnológicos, cada vez mais presentes nos países, trouxessem apenas benefícios à população. Contudo, pode-se notar que não é isso que ocorre e, junto com um complexo sistema internacional de redes, existem algumas desvantagens de toda essa evolução. A principal delas é a perda de privacidade, sendo possível afirmar que os seres humanos estão sendo condicionados como “robôs chipados” e totalmente decifráveis.

            É inevitável que um poderoso sistema de informações controle cada cidadão que nasça nas próximas décadas. Aliás, já fazem isto com os bovinos criados para o abate. Em muitas fazendas, enquanto ainda são bezerros, recebem um chip de rastreamento que computará todas as suas atividades até o momento de ir para o frigorífico. Dessa forma, o pecuarista que infringir qualquer regra será banido do cadastro de criadores dos países da União Europeia.

            Além disso, quem nunca presenciou ou ouvir falar de alguma pessoa que, ao tentar efetuar uma compra, foi impedida porque estava com o “nome sujo”? Essa é a tendência do presente e do futuro. Se o cidadão não pagou uma das parcelas das compras em um pet shop, não poderá adquirir uma camisa em uma loja de roupas, ou seja, tudo está interligado! Esses problemas, de certa forma, ferem os direitos de privacidade. Ao se imaginar um futuro próximo, antes da jovem manter relações sexuais, poderá verificar se o parceiro não possui alguma DST apenas digitando seu número de identificação em um site na internet. De fato, o mundo real não admite mais erros, do mesmo modo que o universo virtual não aceita algoritmos mal feitos.

            Será difícil impedir que a vida das pessoas se torne exposta, mas é possível criar leis que limitem a inserção de informações no sistema, permitindo que algumas dela sejam ocultadas a gosto do indivíduo, sem ferir ou lesar seus direitos humanos.

            Enfim, o respeito à privacidade do cidadão deve existir. Embora as vantagens do avanço tecnológico sejam muitas, as desvantagens devem ser melhor analisadas por especialistas. Por consequência, é um imperativo que a liberdade pessoal seja preservada e os seres humanos não devem ser tratados como máquinas ou animais irracionais que nada podem fazer, mas sim como pessoas que têm sentimentos, senso crítico e o poder de controlar e dominar todos os artifícios digitais que elas próprias criaram.

 

 

SUBJETIVA - É a apresentação do assunto de maneira introspectiva, mais reflexiva, com linguagem mais expressiva, no qual se aceita inclusive metáforas. Vejamos um texto selecionado nos “melhores da FUVEST”, 2010 cujo tema tratava das máscaras:

              

 

               Através da representação nos expomos ao mundo. Para isso, escolhe-se uma máscara, imagem de nós mesmos, que serve de intermédio entre o íntimo e o coletivo, o interno e o externo. Tendo emprestado o nome do teatro grego, o analista Jung denominou-a persona. Esse é também o nome do filme de Bergman, no qual a atriz Elizabeth Vogler emudece para não mais representar papéis.

            Vogler estava à deriva, flutuando entre a realidade e a ficção. Encontra, pois, no silêncio uma forma de legitimar sua identidade. Esta havia se tornado forma sem conteúdo no momento em que fora restringida a sua imagem.

            Esse mecanismo de reduzir o todo à imagem caracteriza as irreflexões típicas contemporâneas. Mas, uma vez que a recepção dos códigos se dá sobretudo imageticamente, pelas vias da TV e da internet, entende-se melhor a supervalorização da imagem.

            A construção plástica de um indivíduo pede a criação de símbolos que o caracterizem. No entanto, representá-lo pode gerar uma dualidade entre o real e o artificial, como no roteiro de Bergman. Assim, a falta de identificação geraria uma angústia existencial, observada facilmente na literatura dos povos, com destaque para Kafka e Beckett.

            Ademais, construir a imagem de uma pessoa muitas vezes significa construir sua idealização. Assim, seria exigido o processo inverso para atingir a essência: a desconstrução.  Como Vogler, nosso tempo precisa de um pouco mais de silêncio, para descolar a máscara do rosto e limpar  o pó depositado sobre ela.

 

Divide-se também a dissertação em:

 

EXPOSITIVA – Aborda uma verdade inquestionável chamada de “juízo de fato”. O texto não procura defender um ponto de vista, mas expor os já existentes. (NÃO INDICADA PARA OS EXAMES)

 

ARGUMENTATIVA – Os “juízos de valores” são mais explorados. Em outras palavras, o autor visa convencer o leitor por meio de argumentos próprios e que estão voltados para um conjunto de ideias que ainda não foram exploradas. (ACONSELHADA PARA OS EXAMES)

Em resumo, dissertar implica na discussão de ideias, na argumentação e organização do pensamento, na defesa de pontos de vista. É, entretanto, necessário conhecimento do assunto como também uma tomada de posição.

 

 

JUÍZO DE FATO E DE VALOR

Nas tarefas propostas nos vários exames, o alunado é sistematicamente incitado a manifestar opiniões (fundamentadas na lógica e na razão) sobre questões polêmicas, que muitas vezes tocam em aspectos vinculados ao senso moral ou consciência moral.

O que fazer, portanto, quando é dever o pronunciamento "oficial" sobre tais questões? Não se trata de simplesmente dizer o que pensa, mas de sustentar uma argumentação lógica que leve seu leitor (o examinador da prova) a aceitar a conclusão proposta. Uma coisa é agir de uma determinada maneira porque se está convicto de que é o certo; outra, muito diferente, é provar que essa "convicção" pode ser racionalmente sustentada.

Se dissermos: ´Está chovendo´, estaremos enunciando um acontecimento constatado por nós e o juízo proferido é um juízo de fato. Se, porém, falarmos: ´A chuva é boa para as plantas´, estaremos interpretando e avaliando o acontecimento. Nesse caso, proferimos um juízo de valor. Juízos de fato são aqueles que dizem o que as coisas são, como são e porque são.

Juízos de valor avaliam coisas, pessoas, ações, experiências, acontecimentos, sentimentos, estados de espírito, intenções e decisões como bons ou maus, desejáveis ou indesejáveis.” (Marilena Chauí)

 

A dissertação-argumentativa requer parágrafos com fatos e informações bem como opiniões e comentários, a fim de que o texto apresente a defesa de um ponto de vista sobre um problema. Tudo isso será concretizado pelo emprego de Recursos Argumentativo (estratégias argumentativas) no parágrafo do texto.

 

A princípio, um bom parágrafo dissertativo é constituído por TRÊS PARTES as quais seguirão determinado RACIOCÍNIO LÓGICO para a construção da defesa que se pretende fazer. É em virtude disso que costumeiramente se diz que todo bom parágrafo deve constituir um microtexto, apresentando em si a INTRODUÇÃO de um raciocínio, o DESENVOLVIMENTO desse raciocínio e a sua CONCLUSÃO. Entre esses parágrafos, haverá elementos coesivos que darão continuidade à ideia defendida com o acréscimo de um novo núcleo lógico.

 

ESTRUTURA DO PARÁGRAFO DE INTRODUÇÃO EM UMA DISSERTAÇÃO

A introdução deve conter três elementos essenciais: o TEMA, o CONTEXTO, a TESE.

 

ESTRUTURA DO PARÁGRAFO DE DESENVOLVIMENTO EM UMA DISSERTAÇÃO

O parágrafo de desenvolvimento em uma dissertação deve DAR CONTINUIDADE À IDEIA DO PARÁGRAFO ANTERIOR COM CONTEÚDO QUE VENHA APROFUNDAR A ABORDAGEM. É nesse momento que o candidato escolherá um RECURSO ARGUMENTATIVO que venha dar sustentação a sua ideia. Assim:

 

PERÍODO DE APRESENTAÇÃO DA PROBLEMÁTICA SOCIAL

PERÍODO DE APRESENTAÇÃO DO RECURSO ARGUMENTATIVO QUE FUNDAMENTA O ARGUMENTO

PERÍODO DE APRESENTAÇÃO DA CONCLUSÃO OPINATIVA

Essa estrutura não precisa ser obedecida religiosamente. Ela se mostra como uma sugestão àqueles que estão iniciando o processo de escrita da dissertação.

 

ESTRUTURA DO PARÁGRAFO DE CONCLUSÃO EM UMA DISSERTAÇÃO DO ENEM

A finalidade da conclusão na dissertação Enem é a apresentação de resoluções aos problemas abordados. Sua estrutura deve considerar a apresentação de 5 elementos lógicos:

 

1 - A AÇÃO INTERVENTIVA: O que pode ser feito para resolver o problema exposto e debatido durante o texto.

2 - AGENTE ou AGENTES: Qual pessoa, entidade, órgão executará a ação interventiva.

3 – MODO ou MEIO: Mostra COMO/FORMA/MANEIRA para executar a ação pretendida.

4 – EFEITO SOCIAL: A consequência ou a implicação da ação sobre a sociedade.

 

O 5º elemento não constitui em fator concreto, mas em uma qualidade que ao menos um dos elementos da conclusão deve apresentar: O DETALHAMENTO.

 

É preciso DETALHAR a AÇÃO ou o AGENTE ou o MODO/MEIO ou EFEITO SOCIAL. Este detalhamento será concretizado por meio de uma explicação mais aprofundada daquilo que é escrito. Isso evita aquelas conclusões maquinais em que não há uma argumentação aprofundada.

 

Segue um modelo:

É necessário, portanto, que o Ministério da Justiça (AGENTE 1), com o apoio do Poder Legislativo (DETALHAMENTO), elabore planos e regulamentos específicos quanto à demarcação (AÇÃO), por meio de estudos direcionados com especialistas da área (MEIO), a fim de assegurar os direitos indígenas sobre os interesses políticos (EFEITO) como já vem ocorrendo e sendo noticiado nos mais variados meios de comunicação (DETALHAMENTO). Outrossim, pelo poder constitucional (MEIO) atribuído à FUNAI (AGENTE 2), cabe a ela demarcar e fiscalizar as terras indígenas (AÇÃO), no intuito de preservar os direitos conquistados frente a interesses contrários à noção de cidadania (DETALHAMENTO). Como efeito dessas medidas, será possível converter os benefícios da demarcação de terra para a população indígena (EFEITO SOCIAL).

 

RECURSOS ARGUMENTATIVOS

O argumento é a idéia que um texto contém para justificar uma tese. O autor emprega certos recursos, ou seja, mecanismos de utilização de argumentos. Vejamos alguns:

 

1. A apresentação direta de seu ponto-de-vista ou argumento básico (recurso típico de introduções):

A prisão do deputado peemedebista Álvaro Lins e a denúncia do ex-governador Anthony Garotinho por formação de quadrilha armada, noticiadas na sexta-feira (30/5) com destaque nos grandes jornais paulistas e manchete no Globo, lançam uma luz sobre a quase incompreensível ineficiência do governo do Rio de Janeiro no combate às quadrilhas que há décadas dominam as favelas da região metropolitana carioca. (Luciano Martins Costa- Observatório da Imprensa)

2. A própria indagação do tema, transformando-o em interrogação e/ou fazendo perguntas sobre ele (recurso típico de introduções):

A mídia, seja na versão impressa, seja, ainda mais, na modalidade eletrônica, muito realça a necessidade de preservação da saúde do corpo. Todavia, por alguma razão não muito clara, igual ênfase, a mídia não confere à necessidade do cuidado quanto à "saúde mental". Será esta apenas uma observação desprovida de fundamento, ou, por outra, será uma indagação procedente, extraída da constatação diária?Essa robustez não é casual: indica que o sistema capitalista exige sociedades com alto nível educacional, e, quanto mais instruída é a população, mais capitalista o país tende a ser, e vice-versa. (Ivo Lucchesi em 27/5/2008)

3. Uma definição do tema ou de palavra chave dentro do texto:

Uma noção relativamente aceita define como terrorismo qualquer ação, praticada por extremistas que visa à matança de civis inocentes e à difusão do pânico como forma de pressão sobre um governo. O problema é que, muitas vezes, o significado de termos como “extremista” e “inocente” varia de acordo com quem fala e de quem se fala. (Lauto Henriques Junior – ATUALIDADES/2006)

 

4. Dados da História:

Muitos motivos se somaram, ao longo da nossa história, para dificultar a tarefa de decifrar, mesmo imperfeitamente, o enigma brasileiro. Já independentes, continuamos a ser um animal muito estranho no zoológico das nações: sociedade recente, produto da expansão européia, concebida desde o início para servir ao mercado mundial, organizada em torno de um escravismo prolongado e tardio.(César Benjamin)

 

5. Com dados estatísticos:

 

Desde a posse de Uribe, o efetivo militar colombiano saltou de 250 mil para 410 mil homens. O país passou a gastar 5% de seu Produto Interno Bruto em defesa. Fora o apoio dos EUA, põem em média US$ 700 milhões por ano desde 1998 nos cofres da Colômbia sob a rubrica do combate ao narcotráfico. (GALILEU VESTIBULAR 2008)

6. Uma pequena narrativa:

 "Quando estava saindo da cerimônia de entrega do prêmio APCA, há duas semanas em São Paulo, fui abordado por um rapaz meio abobalhado. Ele disse que me amava, chegou a me dar um beijo no rosto e pediu uma entrevista para seu programa de TV no interior. Mesmo estando com o táxi de porta aberta me esperando, achei que seria rude sair andando e negar a entrevista, que de alguma forma poderia ajudar o cara, sei lá, eu sou da época da gentileza, do muito obrigado e do por favor, acredito no ser humano e ainda sou canceriano e baiano, ou seja, um babaca total. Ele me perguntou uma ou duas bobagens, e eu respondi, quando, de repente, apareceu outro apresentador do programa com a mão melecada de gel, passou na minha cabeça e ficou olhando para a câmera rindo. Foi tão surreal que no começo eu não acreditei, depois fui percebendo que estava fazendo parte de um programa de TV, desses que sacaneiam as pessoas”.(Wagner Moura)

 

7. Enumeração:

Há dois modos de evitar a ameaça. O primeiro é uma campanha de vacinação em massa. Seria exagerado, dado que não há registro de epidemia. Além disso, é um método que tem reações adversas. Desde 1999, houve quatro mortes causadas por efeitos colaterais da vacina. A segunda forma é acabar com o mosquito da dengue. (GALILEU VESTIBULAR 2008, 82)

 

8. Exemplificação:

Antigamente, até o ano 2000, funcionava assim: as gravadoras gravavam quem elas queriam e achavam que faria sucesso. Então, faziam a divulgação em rádios e TVs. Na maioria das vezes, fechava-se um pacote. Por exemplo, fechou pacote com a Globo, fechou com TV e seus variados programas com variados públicos; fechou também com rádios AM e FM e seus variados públicos, mais jornais, revistas e sites em território nacional. Não é pouca coisa. E não é barato. É caro. Muito caro. (Ramon Moreno em 27/5/2008)

9. Causa e conseqüência:

Para enfrentar esse mal, o Estado brasileiro, os empresários e a sociedade civil iniciaram um processo reunindo esforços e buscando maior eficiência nas ações. A CPI da Pirataria em 2003 e o Conselho Nacional de Combate à Pirataria em 2004 representaram claros avanços. Em conseqüência disso, 2005 foi um ano de resultados recordes nas apreensões de produtos. (Edson Vismona – Guerra contra a pirataria)

 

10. Citação:

“Escrevendo sobre a teoria da linguagem, o lingüista Hjelmslev afirma que “a linguagem é inseparável do homem, segue-o em todos os seus atos”, sendo o instrumento graças ao qual o homem modela seu pensamento, seus sentimentos, suas emoções, seus esforços, sua vontade e seus atos...”(Marilena Chauí)

 

11.Comparação:

“Talvez o esporte haja nascido de uma sublimação da guerra. Tanto melhor para os homens de boa vontade. A guerra só se faz com morte. E o esporte exige o máximo de vida. Guerra só traz euforia nacional ou tragédia. Esporte traz riqueza de emoções”. (A.M. Rodrigues)

 

12. Desenvolvimento por contra-argumentação:

Ao contrário do que afirma a propaganda oficial, a obra de transposição do Rio São Francisco não irá matar a sede das comunidades difusas do Nordeste Setentrional – ou seja, aquelas que mais necessitam de água. Foi com essa convicção que as lideranças comunitárias, religiosas e sindicais, além de representantes da comunidade científica e do Ministério Público, deixaram a audiência pública realizada na quinta-feira (14), pelo Senado Federal, para discutir o polêmico projeto que tem suscitado o engajamento de diferentes parcelas da sociedade brasileira no debate. (InfoAndes – jan/2008)

 

RECURSOS TÍPICOS DE CONCLUSÃO

 

Resumo:

“O relacionamento familiar tem suas particularidades, mas a maioria dos pais revela que, além das preocupações já mencionadas, sentem-se sufocados com as exigências materiais dos jovens, que comprometem o orçamento doméstico de tal forma, que eles não têm outra alternativa, a não ser adiar seus próprios sonhos.”(Nilce Rezende Fernandes. Estado de Minas)

 

Proposta:

Hoje, na sociedade brasileira, as energias morais e espirituais requeridas para civilizar a repressão e reduzir o crime só podem ser encontradas entre as camadas populares. O primeiro passo, portanto, consiste em mobilizá-las para conquistar o controle do poder político da nação. (Plínio de Arruda Sampaio)

 

Questionamento/reflexão

Quem, finalmente, herdará o paraíso de Deus: Aqueles que, seguindo o exemplo e os ensinamentos de Cristo, se dedicam ao bem da humanidade, tentando construir um mundo melhor e mais justo --- ou os fanáticos religiosos, que são os emissários da morte? (Francisco Alves de Pontes)